quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um dilema ...

Quando para cá me mudei fui parar a uma empresa holandesa. Passado quase dois meses a empresa fecharia (ou deixaria de ter trabalho durante 3 meses para a maioria dos empregados, só ficando mesmo os "essenciais"), depois de esses meses parados chamariam novamente. Procedimento habitual. Eu estando a começar não gostei muito, óbvio. A empresa em maioria é 90% de gente polaca lá a trabalhar. Eu não falando holandês nem polaco e só falando inglês é um pouco mais difícil a minha adaptação. Porque esses 90% de polacos poucos são os que falam inglês ou holandês para não dizer que é quase o mesmo que nada. Ainda assim, pareciam todos gostar de mim. Sentia isso por gestos, por sorrisos e simpatia. Estive um mês e pouco sem fazer nada em casa. Para além de contas para pagar, tinha o objectivo de comprar o meu carro o mais rápido possível e não tinha a certeza se me chamariam ou não. Até porque, uma coisa é dizerem "Vens novamente em Abril". Sabia lá bem , se realmente me ligariam. 
Para os polacos torna-se de certa forma muito mais fácil. Por norma, não têm cá residência e é um ponto a favor. Não são precisos seguros de saúde para além do seguro de trabalho que pagam por volta de aí uns 16€ por mês, ou seja, praticamente nada. Usam os carros polacos , beneficiam das estradas e não pagam nada. Não pagam seguro, não pagam impostos (só uma vez por ano à Polónia) etc.
Ao fim ao cabo , não tem grandes despesas e ganhando 1.200€ que seja, é muito na Polónia. 
Alguns dizem , que muitas das pessoas só ganham 200€ por mês. Para nós parece-nos pouco, lá é o "normal". Quem ganhe uns 400€ por aí, já devem de viver mais ao menos. Depois daqui é só metem-se no carro e rumam ao país. O que , não lhes faz a minima diferença se param de trabalhar um, dois, três meses. Depois regressam. 
Ora, e era aqui que eu queria chegar, eu não poderia ficar muito tempo em casa e vai daí que fui falando com pessoas e alguém me disse que havia uma outra empresa que precisavam de pessoal. Eu fui. Naquela do "ah e tal não tenho nada a perder e se não gostar ponho-me na alheta que ainda tenho o outro. Trabalho até Abril e depois mudo-me". 
Era de facto, essa a minha intenção. Mas de certa forma correu-me tudo ao lado. O trabalho em si era bom, uma empresa mais pequena e que se convivia com toda a gente. O patrão é um empregado como outro qualquer durante todo o dia, o encarregado um porreiraço, duas polacas jovens que sabiam falar o inglês e eram umas porreiraças (inclusive, dei-me mesmo bem com uma delas) e três mulheres holandesas "acessíveis". Elogiavam o meu trabalho, eram das mais rápidas em tudo e trabalhava bem. Dei-lhes a dica de como fazerem um modo de trabalho e o patrão além de gostar da ideia , aplicou-a na empresa. Tudo ficou mal, depois de quase dois meses lá a trabalhar, quando tive a infelicidade de saber que teria de fazer uma cirurgia porque tinha o Síndrome Túnel do Carpo. Informei sempre o patrão, nada disse. Continuei a ir às consultas e marquei a minha cirurgia. Informei o patrão para informar a minha agência de trabalho (porque aqui na Holanda praticamente toda a população trabalho por agência , que no fundo são os nossos patrões) para confirmar a história de que ia ser operada para entrar de baixa. Ele não se opôs e desejou-me sorte. 
Até que na segunda semana de baixa, recebo um telefonema do assistente a dizer que o patrão disse para não ir mais. Fiquei perplexa. Achei que de baixa tinha de levar comigo na mesma , mas pelos vistos não. A minha agência informou-me que por eu  ainda estar na fase A ( aqui vai de fases e tenho um contrato de zero horas, o que quer dizer, que podem -me mandar embora em qualquer momento) que mesmo estando de baixa podia-me despedir. Caíu-me tudo. Pensei logo na má opção que tomei em ter me metido ali. Iludi-me de certa forma. Mas ainda assim , fiz a opção certa. A saúde não pode esperar, sempre acima de tudo e que se lixe o gajo. 
Agora está a acabar a baixa e não sei onde vou arranjar outro( aqui não é tão difícil o problema é saber aonde há).
Todos se viram para mim e dizem para tornar a ir à anterior. Eu claro, custa-me. Dizem que aqui é normal se despedir, despedirem-te e passado um tempo regressam novamente que os holandeses não olham a isso. Mas vai de mim. Não sei se me sinto bem depois de 3 meses de me despedir ir ter com eles e me darem emprego novamente. Explicar o que me aconteceu e ter a sorte de lá voltar. Não sei mesmo o que fazer e o tempo está a passar. 
E eu , que até não sou rapariga de muitas mudanças. Mas se há coisa que eu sei é que não tenho sorte nos trabalhos e nas pessoas que me calham. Arrrrr!

2 comentários:

  1. Oh querida, não custa nada em tentar pedir, se te aceitarem muito bem, senão então pensas noutra coisa!
    Claro que a saude está em primeiro lugar, fizeste muito bem em tratar de ti!
    beijinho

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  2. Muito Obrigada Isa pelas palavras.
    Eu tentei mas até agora não obtive resposta. Às tantas mandaram-me às favas. Mas pronto, ao menos sei e vou com força tentar outro! :)
    Beijinhos

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