sábado, 13 de julho de 2013

Tenho 3 irmãos ( 2 rapazes e uma rapariga). Eu sou a mais nova. Eles têm todos mais uns 10/11 anos acima de mim. A diferença é gigantesca. Sempre vi eles a combinarem coisas e eu pequena, ficava em casa a fazer companhia à minha mãe ou ir dormir uma soneca. 
Quando tinha aí por volta dos meus 11/12 anos eles foram , um a um,  para a Holanda com o passar dos anos. No fundo, com o passar dos tempos é como se fosse filha única. 
Antes de eles embarcarem na aventura de vir para cá, dava-me bem com todos. Mas... a única que me irritava mais era a minha irmã. E não, num é por ser a rapariga. É do feitio. Se bem, que todos nós temos todos um feitio mais ao menos. Mas não sei porquê ela sempre foi a mais implicativa. Gosto dela claro. Mas sempre achei que dou-me melhor longe dela. Se for diariamente ela cansa. 
Não sei , se por a idade e sermos irmãs que nunca desabafamos grande coisa. Nunca soube nada propriamente de mim, a não ser as coisas básicas e aquilo que conta se calhar a qualquer um porque não há problema. Desabafar, desabafar nunca aconteceu. Ela diz que me conhece , mas é mentira. Eu acho que não sabe mesmo nada de como eu sou. Só sabe o meu feitio, em maioria as partes menos boas. Se lhe perguntasse tinha noção disso. Que era certamente o que ela me dizia. Era capaz de dizer aí uns quantos defeitos e apenas duas, três qualidades vá. 
Depois assim de repente, não temos absolutamente nada em comum. A não ser claro, a parte de refilonas por vezes. De resto, em termos de gostos não temos mesmo nada. Ela não tem interesse por moda, por lojas, por maquilhagem (faz compras que faz mas só o que precisa e usa coisas básicas , tipo t shirts em maioria do tempo, usa maquilhagem mas só em uma ou outra festa e mais ultimamente), não vê séries, não vê filmes (só mesmo às vezes pela TV), não liga a livros, não liga à música, é muito limitada e só ouve mesmo Leandro, Tony Carreira e família limitada. Anos e anos a fio. E por aí adiante.
Não que a ache burra ou inculta, simplesmente acho que não tem interesse em nada. A não ser só dedicar-se às coisas da casa e arrumações das quais é um pouco "viciada". Coisa que se eu pudesse, me desviava quase sempre. Há coisas mais interessantes para fazer. Depois é stressada por natureza, e passa em maioria do tempo aos gritos. Coisas que não me assistem por completo.  Detesto pessoas que estejam sempre a gritar ou que respondam meio resmungonas porque não sabe falar de outra maneira. E com o passar dos anos, com coisas que se metem no caminho dela, com os filhos, ainda vai piorando. Eu ao contrário, sou uma pessoa que fala baixo, que não tenho vocação para gritar a não ser quando me tiram realmente do sério. E acreditam, que em maioria , é preciso me fazerem muita coisa antes. Ou , simplesmente , alguma coisa que me tirem realmente do sério. Não consigo ter muitas conversas ditas "normais" com ela, porque esta insiste numa coisa e eu insisto noutra. Temos sempre pontos de vista diferentes em quase tudo. 
Ironia das ironias, agora estou a viver com ela novamente. 
Ontem, num espaço de 1h , em conversas diferentes, sempre tivemos discórdias  Já irritava. Depois ela acha que eu fico lixada com isso. Como se me fosse irritar com o que diz. Mas não é. Simplesmente sigo as minhas perspectivas , as minhas ideias como ela segue as dela. E não gosto de falar com pessoas que não têm a "visão" suficiente para perceberem o que eu quero dizer.
Num dos pontos de conversa, falava-se em pessoas que sofriam de violência doméstica. (Tudo porque o caso da máquina da verdade na Tarde É Sua , na Tvi, falava sobre isso) e ela dizia que as pessoas eram burras. As pessoas deviam de sair de casa e antes era preferível viver debaixo da ponte que sofrer durante anos. (Até pode ser). Eu discordava e insistia que as pessoas não são nada burras. Que eram outros tempos e que como se costuma dizer "o que custa é à primeira", e as pessoas sabe-se lá como, iam se habituando. Ela virava-se então para mim :
"- Então és das que leva um estalo e ficava com ele?" Eu dizia que não, é óbvio. Mas isso já vai de mim e do meu feitio e daquilo que eu acredito. Mas relatava-lhe algumas das causas que as faziam pensar em tomar outra decisão.~
 Que eles era difícil sair de casa, que há famílias que as abandonam, que tem filhos à mistura, que há casos que mesmo eles sendo uns cabrões ainda assim são eles que sustentam as famílias etc e que só quem passa por elas é que sabe o que lhes vai na cabeça e na alma para fazerem (ou não) o que fazem. Algumas até, acho-as lutadoras e fortes ainda que ao mesmo tempo, sensíveis ao mesmo tempo. E é esse ponto sensível que eles tocam e as levam abaixo. Ela insistia e dizia que mais valia ir para debaixo da ponte. Cheguei a um ponto, até porque , não gosto de injustiças e tento-me sempre pôr do outro lado, deixei de falar mais sobre o assunto porque me irritava e porque me já começava a tirar do sério. Não que ache que alguém mereça de levar na cara, que não gosto NADA! DETESTO! Mas também há pessoas que não têm força o suficiente para fazer esse tipo de escolhas, que não têm personalidade para isso. E que não têm ninguém para as apoiar o suficiente. E depois a policia em Portugal pouco ou nada faz. No caso, de essa mulher , ela fez queixa dele e levou APENAS 2 anos e meio e outros 2 anos e meio porque na altura, teria lutado com os agentes. 5 anos que apanhou e ficou com pena suspensa. Além de a pena ser demasiado curta , ainda fica com pena suspensa. Isso é alguma coisa??? É uma merda! 
Mas enfim! 
E continuava lá ela a dizer que as pessoas são burras e que ainda existe muitas mulheres que levam na cara, novas, hoje em dia.  Blá blá blá . Eu acredito e sei que as deve haver. Mas digo aqui que não vos acho burras e que lutem, lutem sempre, mesmo que o espírito para a coisa seja pouca. Lutem, por vocês. Sejam fortes e duras! 
E tudo isto, só mesmo para dizer o quanto sou diferente da minha irmã.
Alguém por aí que tenha uma irmã que não se dê? Só mesmo para não me sentir única. 

3 comentários:

  1. Eu tenho uma irmã que nunca me dirigiu a palavra, nem que nunca quis saber o meu nome, isto tudo porque na juventude o meu pai foi um malandro e traiu a mãe dela com a minha (algo do género) e dai nasci eu, e por isso nunca me aceitou. Acho injusto, pois não tenho culpa do passado, mas para ela sim. Tenho pena de não a conhecer, mas pronto...é a vida.

    Bjs

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  2. Eu dou-me bem com a minha irmã e irmão, obvio que temos diferenças e muitas vezes nos chateamos, principalmente com o meu irmão temos ideias de vida diferentes, mas nada como tu dizes!
    Quanto à violencia doméstica é topico muito dificil, mas as pessoas que passam por isso têm de ser muito fortes para conseguir mudar, obvio que se não tiverem apoio de familia é muito mais dificil, e não é por serem burras!

    beijinho

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  3. Eu dou-me com ela. Caso contrário também não estaria neste momento a viver com ela. Às vezes saímos todos etc. Também por vezes rimo-nos juntas e gosto dela, ainda assim. É minha irmã. Simplesmente, como disse, não temos nada comum , nem conversamos, nem fazemos aquelas coisas propriamente ditas que as irmãs fazem. Fazemos coisas "normais" vá. :)

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